Vamos abordar este tema?
Competitividade x rivalidade no universo feminino
Falar sobre competição, sobre rivalidade é abordar uma possível ferida aberta nas relações femininas, isso porque ao longo do desenvolvimento infantil nos deparamos com experiências que nos marcam profundamente em nossos convívios sociais e que podem gerar reflexos na vida adulta. Ser a melhor, a mais bonita, a mais desenvolta, a mais inteligente, aquela que conseguiu namorar o menino do qual todas gostavam... quem nunca passou por experiências do tipo que levante a mão e identifique-se, você entrará para o Guinness!
Todas estas experiências de vida modelam nosso comportamento, e como disse anteriormente, são refletidas na vida adulta, sendo este o motivo pelo qual resolvi escrever sobre o tema. Recentemente foi noticiado na mídia um episódio envolvendo celebridades em certo grau de desavença em espetáculo musical no ambiente de carnaval. Duas apresentações em ambientes próximos no mesmo horário para o mesmo público. Uma disputa.
Exercício da competição ou da rivalidade? O objetivo não é julgar comportamentos ou pessoas. Considero proveitoso refletirmos sobre o tema, principalmente porque vivenciamos um período da história em que buscamos soluções para uma melhor participação da mulher no mercado de trabalho e no alcance de cargos de liderança, contextos estes em que competir ou ser rival pode definir posições e carreiras.
Afinal, qual é a diferença entre competir e ser rival? Não é necessário ser rival para competir? Apesar de estudo científico já ter apontado que a competição feminina está direcionada à sobrevivência e escolha de parceiros preferidos[1], parece que mulheres externam este comportamento também nos ambientes em que atuam e trabalham, sendo até inspiradas por movimentos culturais e falas de incentivo como o uso da hashtag “suainvejamemotiva”.
Competir é concorrer. Competimos em olimpíadas, em concursos, por exemplo e nestas circunstâncias estamos limitados pelas regras, sabemos quais são as condições para a disputa, como ocorre na justiça. Tronar-se rival transcende a competição, porque neste caso a pessoa internaliza a competição e passa a não tolerar a existência do outro, o concorrente. Quando disputamos temos por objetivo o aprimoramento, obtendo o êxito temos a vitória, que gera satisfação. Na situação da rivalidade o objetivo não é mais a vitória, pois ganhando ou perdendo quem se sente rival quer ser único, não encontra limites, não há ética, rumina e sofre porque sempre imagina que o outro coloca sua posição ou até mesmo sua existência em situação de risco, tudo vale em nome da soberania do eu.
A distinção entre competir e tornar-se rival reside exatamente no ponto em que o ato de competir se torna instrumento para a tomada de poder, para a aniquilação do outro que é visto como oponente. É uma guerra, em que só há o binômio ganha-perde, enquanto na competição saudável temos sempre um aprendizado, e por mais que exista apenas um vitorioso, ainda assim podemos verificar o ganho para as duas partes.
Identificar uma competição ou rivalidade pode ser libertador, afinal saber lidar com situações desafiadoras e geradoras de estresse é uma competência muito valiosa atualmente no mercado de trabalho, a este jogo de cintura dá-se o nome de inteligência emocional.
A reflexão é por sua conta: o quanto você tem sido rival ou competidora?
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[1] Stockley Paula and Campbell Anne 2013 Female and aggression: interdisciplinary perspectives Phil. Trans. R. Soc. B3682013007320130073 http://doi.org/10.1098/rstb.2013.0073 , acesso em 24 fev 2023.
Imagem: créditos Wix.
*Alina Swarovsky Figueira
Advogada
Consultora em privacidade
Treinadora em gestão feminina
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